terça-feira, 22 de dezembro de 2009

BRINDE DE NATAL

Reinaldo Paes Barreto - JB

Ela remonta ao tempo do paganismo, quando se celebrava o ressurgimento do Sol no último dia da Saturnália (17 a 24 de dezembro). Era a festa mais antiga do Império Romano. Por isso, durante os três primeiros séculos da nossa era, os cristãos não celebraram o Natal. Esta data só começou a ser comemorada por eles - por nós - após o início da construção política da Igreja Romana, no século 4º, quando o Imperador Constantino, convertido ao cristianismo, ordenou que o Natal fosse observado para sempre como festa cristã, no mesmo dia da secular festividade em honra ao (re)nascimento do Astro-Rei. E como fazia (e faz) frio no hemisfério norte em dezembro, as fogueiras acesas daqueles tempos passaram a ser representadas pelas velas e por milhões de luzes que decoram as casas, prédios, ruas, cidades - e pinheiros - em mais de cem países do mundo.

E o que é que se bebia? Vinho, vinho tinto sobretudo.

A videira e o vinho estiveram presentes nos principais rituais religiosos, frequentando todas as celebrações. Porque o vinho, como observa o consultor Marcelo Copello, é também o símbolo da revelação, da verdade. A embriaguez era considerada, ao mesmo tempo, um delírio e uma janela para a verdade.A máxima enófila, in vino veritas (no vinho, a verdade), ilustra essa crença.

O cultivo da vinha era uma atividade sagrada. Muitos dos vinhateiros eram os próprios sacerdotes, que determinavam, todos os anos, o dia sagrado da colheita e o dia em que se poderia beber o vinho novo. Juramentos feitos com a taça na mão tinham caráter divino.

A bíblia se refere ao vinho desde suas primeiras páginas e o cita, no total, cerca de 450 vezes. O Velho Testamento mostra a bebida sagrada como dádiva intelectual e espiritual e há nele, inclusive, uma bonita metáfora, segunda a qual Jesus é representado pelo cacho de uvas, cujo esmagamento constitui um sacrifício voluntário, e cujo sumo é o seu sangue. Jesus teria elevado, deste modo, a nossa natureza, fraca como a água, até ele, tornando-nos participantes da natureza divina.

*texto publicado na Revista de Domingo 20/12/2009, na íntegra com eventuais erros da coluna
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NOTA DA BLOGUEIRA

Até onde sei, ou imagino, a celebração natalina remonta ao solstício de Inverno /Verão (conforme o hemisfério). O renascimento, no caso, se refere ao DEUS SOL com suas diversas nomenclaturas. Esta é mais uma demonstração do sincretismo imposto pela Igreja aos povos conquistados ou subordinados, que se perpetua ao tempo atual.
Muitos movimentos existem para abolir, denegrir ou pelo menos menosprezar as influências de outras culturas sobre a nossa. Entretanto, olvidam-se que a própria festa natalina, com suas luzes, são resquícios de uma cultura milenar que não originada nas praias e matas tupiniquins.

Como o próprio texto descreve, as luzes representam as fogueiras acesas no hemisfério norte, onde é inverno nesta época, enquanto que no hemisfério sul , deveria ser celebrada a chegada do Verão, e tudo aquilo que aqui se representa.


Mas claro, as luzes e velas acesas sincretizadas, não representam apenas as fogueiras invernais, mais ainda, e sobretudo, a natividade, ou seja, o nascimento do criador em forma do menino Jesus para os cristãos e da iluminação da alma para todos os demais.

Bom, como este blog, em princípio, se destina a assuntos relacionados ao Deus Baco, aproveito para ressaltar a divindade da bebida, mais antiga que o cristianismo, em seu aspecto mais sagrado, o qual seja, o da revelação. E, este texto, foi bastante positivo neste ponto. Aliás, o próprio nome ja diz: Di Vino, de vinho. Só discordo quanto a caracterizar a água como de natureza fraca, como poderia o principal componente DiVino sê-lo?

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